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domingo, 28 de fevereiro de 2010

A prisão de cada um - Martha Medeiros


O psiquiatra Paulo Rebelato, em entrevista para a revista gaúcha Red 32, disse que o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisão na qual quer viver. Pode-se aceitar esta verdade com pessimismo ou otimismo, mas é impossível refutá-la. A liberdade é uma abstração.

Liberdade não é uma calça velha, azul e desbotada, e sim, nudez total, nenhum comportamento para vestir. No entanto, a sociedade não nos deixa sair à rua sem um crachá de identificação pendurado no pescoço.

Diga-me qual é a sua tribo e eu lhe direi qual é a sua clausura.

São cativeiros bem mais agradáveis do que o Carandiru: podemos pegar sol, ler livros, receber amigos, comer bons pratos, ouvir música, ou seja, uma cadeia à moda Luis Estevão, só que temos que advogar em causa própria e hábeas corpus, nem pensar.

O casamento pode ser uma prisão. E a maternidade, a pena máxima. Um emprego que rende um gordo salário trancafia você, o impede de chutar o balde e arriscar novos vôos. O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia. Tudo que lhe dá segurança ao mesmo tempo lhe escraviza.

Viver sem laços igualmente pode nos reter.

Uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também. Você se condena a passar o resto da vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho.

Nós é que decidimos quando seremos capturados e para onde seremos levados. É uma opção consciente. Não nos obrigaram a nada, não nos trancafiaram num sanatório ou num presídio real, entre quatro paredes.

Nosso crime é estar vivo e nossa sentença é branda, visto que outros, ao cometerem o mesmo crime que nós - nascer - foram trancafiados em lugares chamados analfabetismo, miséria e exclusão.

Brindemos: temos todos, cela especial

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quando se for



Renato Dias Martino


Quando se for, não olha pra trás
Quando voltar não se sinta incapaz
de gritar pela guerra ou chorar pela paz.

Respeito o ódio por trás desse amor
Não olhe pra tas, quando se for
Embora no frio, eu sinto calor

Mas, se busca em mim seu próprio espelho
Alegro-me que veja-me tão belo assim
Mas, se o que pretende é me ver de joelhos
Destruindo seu "Eu" refletido em mim.

Quando se for me deixa no escuro
Quando voltar derruba esse muro
Depois disso tudo me sinto mais puro.

Ao me desejar não se esqueça do escuro
Ao me pagar esqueça o juro
Estou aqui pelo hoje e talvez pro futuro...



*Do Blog de Renato Martino - http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com/

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Palavras de Sabedoria

Comprometer-se com atividades virtuosas é um pouco como criar uma criança pequena. No começo, precisamos ser prudentes e habilidosos em nossas tentativas de transformar nossos hábitos e temperamentos. Também temos de ser realistas a respeito daquilo que esperamos conseguir. Levou muito tempo para ficarmos do jeito que somos e não se muda hábitos do dia para a noite.

É bom olhar para cima à medida que se progride, mas é um engano julgar nosso comportamento utilizando o ideal como padrão. Por isso, é muito mais eficaz, em vez de alternar breves rompantes de esforço heróico com períodos de relaxamento, trabalhar com constância como um rio fluindo em direção a um objetivo de transformação.


*Livro: Palavras de Sabedoria – Sua Santidade, o Dalai-Lama